08/04/2024 às 15h21min - Atualizada em 08/04/2024 às 15h18min

Cristão e sua família são torturados no Egito após falsa acusação

Adilson Araujo

Adilson Araujo

jornalista, poeta, artista plástico e líder do grupo de música gospel BRzerodois

Adilson Araujo
No calor escaldante do Egito, onde as areias do deserto contam histórias antigas e as tradições se misturam com a modernidade, Boutros e sua família enfrentaram uma provação que deixou marcas profundas em suas vidas.

Egito Um Palco de Perseguição Religiosa

O Egito, com sua rica história e cultura, é um país onde a fé desempenha um papel central na vida cotidiana. No entanto, esta mesma terra de pirâmides majestosas e rio Nilo serpenteante também é palco de tensões religiosas, especialmente para minorias como os cristãos.

Neste país, onde a maioria da população segue o Islã, os cristãos representam uma pequena parcela, cerca de 10% da população. E é dentro deste contexto que a história de Boutros e sua família se desenrola, revelando as complexidades e desafios enfrentados pelas minorias religiosas.

Uma Conversão que Desencadeou o Caos

Tudo começou com a conversão de Christine, a esposa do irmão mais velho de Boutros, Samuel. Em um gesto de fé e convicção, Christine abraçou o cristianismo, mudando não apenas sua religião, mas também o curso de sua vida e o destino de sua família.

A decisão de Christine foi recebida com hostilidade pelas autoridades, que viram nela uma afronta aos valores e tradições estabelecidos. Em um ato de intolerância religiosa, as autoridades invadiram a casa da família de Boutros, desencadeando uma série de eventos que levariam a uma provação de proporções inimagináveis.

O Horror da Tortura e a Agonia da Prisão

Boutros, seu pai e seu irmão mais novo foram brutalmente arrancados de seu lar e lançados em um turbilhão de interrogatórios cruéis e tratamento desumano. A Segurança Nacional do Egito, investida com o poder do Estado, submeteu-os a torturas físicas e psicológicas, na tentativa de arrancar informações sobre a suposta conversão forçada de Christine.

"Nos perguntaram sobre meu irmão e sua esposa, querendo saber onde estavam. Acusaram meu irmão de forçar a conversão de sua esposa ao cristianismo e falsificar seu certificado de casamento, mudando seu nome para um nome cristão", relata Boutros, com os olhos ainda marcados pela dor daqueles dias sombrios.

A tortura deixou marcas indeléveis em suas almas e corpos, testemunhas silenciosas de um sofrimento que nenhum ser humano deveria suportar. A dor física foi acompanhada pela angústia emocional de não saber se eles veriam outro nascer do sol, ou se o escuro abraçaria-os como seu destino final.

A Libertação e o Preço do Exílio

Após um período de agonia e incerteza, a polícia finalmente os libertou, mas o preço da liberdade foi alto. O custo emocional e psicológico da tortura deixou cicatrizes profundas, e eles foram forçados a deixar para trás tudo o que conheciam e amavam, sua casa, sua aldeia, suas raízes.

"O que nos dói agora é ter sido deslocados de nossa casa. Mas, mesmo assim, louvamos ao Senhor e agradecemos por responder nossas orações e cuidar de nós e de nosso pai doente", diz Boutros, com uma mistura de gratidão e tristeza em sua voz.

O Contexto da Perseguição Religiosa no Egito

O Egito, apesar de sua rica herança cultural e religiosa, enfrenta desafios significativos quando se trata de liberdade religiosa e direitos humanos. Classificado em 38º lugar na Lista de Observação Mundial de 2024 da Missão Portas Abertas, o Egito está entre os 50 países onde é mais difícil ser cristão, destacando as pressões enfrentadas pelas minorias religiosas neste país do Norte da África.

A história de Boutros e sua família é uma narrativa de dor e sofrimento, mas também de coragem e fé inabalável. Em meio às trevas da perseguição, eles encontraram uma luz interior que os sustentou, uma esperança que transcendeu as circunstâncias mais sombrias.

Enquanto o Egito continua sua jornada em direção ao futuro, é imperativo que a comunidade internacional esteja vigilante e responsável, garantindo que os direitos humanos e a liberdade religiosa sejam protegidos para todos os seus cidadãos, independentemente de sua fé ou origem. Somente então a terra do Egito poderá verdadeiramente florescer como um oásis de paz e tolerância em meio ao deserto da intolerância e da opressão.
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